Fibrilação Atrial Paroxística x AVC Criptogênico
A fibrilação atrial (FA) é uma taquiarritmia cardíaca frequente, afetando cerca de 1% a 2% da população mundial e podendo ocorrer em qualquer faixa etária. No entanto, sua incidência aumenta com a idade, especialmente a partir dos 40 anos.
A FA é uma doença progressiva, que começa como forma paroxística e pode evoluir para a forma permanente, sendo inicialmente assintomática.
A principal complicação da FA é a formação de trombos na aurícula esquerda devido à estase sanguínea causada pela doença. Tornando-a a principal causa evitável de acidente vascular cerebral (AVC) recorrente. Por isso, a detecção precoce e o tratamento adequado são fundamentais. Cerca de 25% dos AVCs isquêmicos não têm uma causa determinada, sendo chamados de criptogênicos.
Suspeita-se que muitos desses casos possam ter como etiologia a fibrilação atrial paroxística. Que muitas vezes não é detectada pelos métodos de registro eletrocardiográfico comumente utilizados na investigação etiológica. Isso ocorre porque a FA paroxística pode não apresentar sintomas ou eventos disrítmicos frequentes.
Dessa forma, é possível que uma fibrilação atrial paroxística passe despercebida durante o atendimento de pacientes com AVC isquêmico ou acidente isquêmico transitório (AIT). Dessa forma, pode piorar o prognóstico do paciente, aumentando a probabilidade de recorrência do evento.
O estudo EMBRACE (Atrial Fibrillation in Patients with Cryptogenic Stroke, N Engl J Med 2014; 370:2467-2477 June 26, 2014) demonstrou que a fibrilação atrial paroxística é comum entre pacientes com AVC recente ou AIT criptogênico com 55 anos de idade ou mais. Portanto, é importante considerar a possibilidade de FA paroxística em pacientes com AVC ou AIT de causa desconhecida e realizar a detecção precoce da doença para evitar complicações graves.
Neste estudo, os pacientes diagnosticados com AVCs criptogênicos foram divididos em dois grupos:
- No primeiro grupo, utilizou-se um registrador em loop externo (looper) para a investigação etiológica durante 30 dias;
- No segundo grupo, utilizou-se o Holter de 24 horas, que é o exame mais comumente utilizado na prática clínica atual.
A FA com duração de 30 segundos ou mais foi detectada em 45 dos 280 pacientes (16,1%) no grupo com looper, em comparação com apenas 9 de 277 (3,2%) no grupo controle com Holter (p<0.001). Já a FA com duração de 2,5 minutos ou mais esteve presente em 28 dos 284 pacientes (9,9%) no grupo com looper, em comparação com 7 de 277 (2,5%) no grupo de controle com Holter (p<0.001).
Portanto, este estudo demonstrou que a monitorização não invasiva com looper ambulatorial durante 30 dias melhorou significativamente a detecção de FA em mais de cinco vezes, em comparação com a prática padrão de monitoramento com Holter de curta duração (24 horas).
Isso permitiu o tratamento adequado desses pacientes com anticoagulantes, reduzindo significativamente o risco de recorrência de AVC. Também contribui para melhorar o prognóstico e diminuir o risco de morte.
Assim, o Looper se torna uma ferramenta de diagnóstico imprescindível para os cardiologistas clínicos e arritmologistas na investigação etiológica de pacientes com AVCs e AITs criptogênicos.
- Novo estudo revela a importância do monitoramento contínuo na detecção da fibrilação atrial (FA) em idosos
- Protegido: Viabilidade financeira do monitor para tilt teste
- Farapulse: simulador de custo-efetividade
- Wearables na detecção da fibrilação atrial
- Ablação por Campo Pulsado: Novo Horizonte no Tratamento da Fibrilação Atrial
Tenho esta fibrilacao, inobstante aos exames ECG; HOLTER; Esteira; perfusão do miocárdio em repouso e stres; ela só foi diagnosticada no EEF. Portanto é muito questionável os demais exames.
Prezado Sr. Luiz Fernando, muito obrigado por seu comentário. Equipe DI.
Pingback: Monitor de eventos externos (Looper): uma abordagem efetiva na detecção de fibrilação atrial (FA) - CARDIO WEB